Viver mais e melhor com a ajuda da tecnologia
Uma novidade no exterior é o frasco de remédio que avisa quando está na hora de tomar o medicamento. O funcionamento é bastante simples. Quando o frasco é aberto pela primeira vez, um sinal wireless é enviado para uma base eletrônica, que aciona o cálculo dos horários das próximas doses. Na hora certa, a base dá um alerta luminoso e toca música. Caso o alerta não seja desligado, o programa envia uma mensagem para o celular do paciente.
No Brasil, o Ministério da Saúde quer disparar SMS para intensificar a campanha de tratamento e prevenção precoce da tuberculose. O serviço enviará mensagens para o celular de pacientes em acompanhamento, com o objetivo de evitar o abandono do tratamento, que dura cerca de seis meses em média. Uma medida interessante, já que o tratamento está disponível no serviço público e o que falta é o paciente fazer o que o médico pede. Além da melhoria da saúde pública, a iniciativa também poderá vir a reduzir o gasto com pacientes que abandonam o tratamento, pioram e precisam até ficar internados.
Todo tratamento exige uma boa aderência do paciente. O uso correto das medicações prescritas é fundamental. Remédios são receitados em doses, na quantidade certa, em horários estabelecidos pelo tempo necessário. O rigor na hora de tomar o remédio certamente ajuda a evolução do tratamento. Por isso, o médico precisa explicar muito bem, anotando na receita e falando, e o paciente tem o dever de perguntar se não entendeu algo sobre o remédio, a dosagem, os horários, a diluição do medicamento em pó e até a letra do médico. Não é preciso ter vergonha de perguntar. Cito as barreiras mais comuns que fazem com que os pacientes não iniciem ou abandonem o tratamento: falta de dinheiro para comprar os remédios; falta de confiança de que o tratamento seja necessário e contribuirá para a recuperação; falta de entendimento do receituário; e falta de organização para tomar vários remédios em horários diferentes. Problemas que podem ser minimizados com o uso da tecnologia.
Não tomar medicamento corretamente traz consequências para a saúde. Deixar de tratar pode causar danos e levar a complicações que pioram a qualidade de vida. Mesmo quando está se sentindo bem após tomar remédio por alguns dias, o tratamento precisa ser continuado pelo tempo determinado, a não ser que o médico diga que pode interrompê-lo. Antibiótico, por exemplo, é imprescindível manter os horários prescritos, caso contrário há risco das bactérias resistirem e se desenvolverem até mais fortes. Não se deve fazer automedicação e isto significa também não tomar ou dividir remédios com outras pessoas.
O diagnóstico é feito pelo médico e é ele quem diz qual medicamento deve ser ingerido durante a refeição ou não. Há remédios que não devem ser misturados a alimentos porque podem comprometer a absorção pelo organismo. Da mesma forma, é preciso comunicar ao médico os remédios que já faz uso, mesmo que sejam vitaminas ou fitoterápicos, para ele analisar a melhor maneira de ingestão com outros medicamentos que sejam necessários. O médico costuma avisar dos efeitos colaterais, mas em caso de dúvida ou incomodo, converse novamente com o médico.
Em enfermagem, costuma-se usar a regra dos cinco certos para administrar medicamentos. O enfermeiro precisa conferir se o medicamento está certo, se o paciente é o certo, se a dose está precisa, se está na hora certa e se a via é a correta. Portanto, mantenha o papel com as anotações das medicações, doses e horários. Conte com a ajuda da tecnologia, programando um dispositivo, de preferência móvel. Existe uma série de aparelhos portáteis, celular, palmtop etc., que ajudam pacientes a aderir ao tratamento. Conte com eles para gerenciar melhor o uso de medicamentos.
Outras novidades que acho interessantes para os pacientes com perda de memória são os jogos eletrônicos, que podem ajudar a estimular a memória, divertir a cabeça e exercitar a massa cinzenta. Mas lembre-se de não ficar sedentário. Alterne com atividade física, que também pode ser feita em consoles, com jogos que incentivam o movimento do corpo, como o Wii e o Play Station 3. Para exercitar o cérebro, também é simples fazer atividades físicas neuróbicas, como trocar o relógio de braço ou comer e escrever com a mão que não costuma usar.
Sempre tive dúvida em relação à pastilheira, recipiente que se propõe a organizar as doses de remédios. Já vi muita gente tomar o comprimido errado ou a caixa se abrir e misturar tudo, sem que a pessoa consiga saber qual comprimido é de que remédio. O melhor é sempre manter os remédios nas embalagens originais. Nelas você tem o nome do medicamento, a bula e o mais importante, a data da validade. Remédios vencidos não devem ser ingeridos. No mundo moderno, não parece que pastilheira e despertador são coisas do passado? Vamos aproveitar a tecnologia e cuidar da saúde. Vida longa a todos!
Fabio Ferraz do Amaral Ravaglia - Cirurgião ortopedista e traumatologista, é presidente, desde 2005, do Instituto Ortopedia & Saúde (IOS) – organização não governamental que tem a missão de difundir informações sobre saúde e prevenção a doenças, principalmente aquelas associadas à terceira idade, e que organiza o Projeto Cidadania – Caminhadas com Segurança, evento mensal que incentiva a atividade física e conta com uma feira de saúde aberta à população para a realização de exames gratuitos. www.ortopediaesaude.org.br
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