sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Longevidade e Tecnologia





Viver mais e melhor com a ajuda da tecnologia



Saúde e tecnologia
Ao redor do mundo, as pessoas vivem muito mais hoje e querem continuar saudáveis, independentes e ativas por mais tempo. Com a expectativa de vida cada vez maior, ninguém quer perder a destreza e comprometer as atividades. O estilo de vida da terceira idade de agora e das futuras gerações está bem diferente daquele de meus avós – novas atividades substituem a antiga rotina. 

É na terceira idade que está despontando o grupo que quer desfrutar as alegrias da vida, aproveitando o que conquistou. Cada vez é mais comum falar em lazer, turismo e atividade física para a terceira idade. Há pacotes de viagens, equipamentos de ginástica específicos em parques públicos e muitas academias com aparelhos eletrônicos e variadas técnicas de ginástica para as necessidades de quem já passou dos 60 anos. Tecnologias incríveis aumentam o conforto do lar e até facilitam na hora de dirigir, a ponto de um carro não precisar mais de motorista. Na realidade atual, não há mais espaço para aquele barbante amarrado no dedo que ajudava a lembrar de coisas a fazer. O nó muitas vezes era para marcar a necessidade de tomar um remédio. Questões de saúde inerentes à idade precisam ser tratadas e as novidades estão aí para ajudar.

Não há mais que se preocupar em lembrar da série de consultas e exames médicos ou dos horários dos remédios. A eletrônica pode ajudar em tudo isso com diversas alternativas. A telefonia móvel tem atributos que podem facilitar. Há aparelhos com agendas que avisam até antecipamente dos compromissos. Começo por falar dos celulares porque os aparelhos são cada vez mais comuns em todas as idades. Agendas eletrônicas em microcomputadores, laptops ou tablets também poderiam fazer o mesmo trabalho. Relógios com dispositivos eletrônicos podem ser programados com diversos horários (aqueles que atletas usam). Há também aplicativos para tocador de áudio digital.

Já há tecnologias específicas para quem sofre de perda de memória. Recentemente, foi testado nos Estados Unidos um aplicativo bem sofisticado, que dá um alerta sonoro e liga a webcam do microcomputador ou do laptop. A câmera reconhece o rosto do paciente e verifica se ele está tomando o medicamento. A ação pode ser gravada. Seria a solução para pacientes em luta contra a doença de Alzheimer. Quem sofre deste mal esquece de tomar os remédios ou toma e esquece que tomou. Nas duas situações, o tratamento é prejudicado e um risco para a saúde, tanto pela falta quanto pelo excesso de medicamento.

Uma novidade no exterior é o frasco de remédio que avisa quando está na hora de tomar o medicamento. O funcionamento é bastante simples. Quando o frasco é aberto pela primeira vez, um sinal wireless é enviado para uma base eletrônica, que aciona o cálculo dos horários das próximas doses. Na hora certa, a base dá um alerta luminoso e toca música. Caso o alerta não seja desligado, o programa envia uma mensagem para o celular do paciente.

No Brasil, o Ministério da Saúde quer disparar SMS para intensificar a campanha de tratamento e prevenção precoce da tuberculose. O serviço enviará mensagens para o celular de pacientes em acompanhamento, com o objetivo de evitar o abandono do tratamento, que dura cerca de seis meses em média. Uma medida interessante, já que o tratamento está disponível no serviço público e o que falta é o paciente fazer o que o médico pede. Além da melhoria da saúde pública, a iniciativa também poderá vir a reduzir o gasto com pacientes que abandonam o tratamento, pioram e precisam até ficar internados.

Todo tratamento exige uma boa aderência do paciente. O uso correto das medicações prescritas é fundamental. Remédios são receitados em doses, na quantidade certa, em horários estabelecidos pelo tempo necessário. O rigor na hora de tomar o remédio certamente ajuda a evolução do tratamento. Por isso, o médico precisa explicar muito bem, anotando na receita e falando, e o paciente tem o dever de perguntar se não entendeu algo sobre o remédio, a dosagem, os horários, a diluição do medicamento em pó e até a letra do médico. Não é preciso ter vergonha de perguntar. Cito as barreiras mais comuns que fazem com que os pacientes não iniciem ou abandonem o tratamento: falta de dinheiro para comprar os remédios; falta de confiança de que o tratamento seja necessário e contribuirá para a recuperação; falta de entendimento do receituário; e falta de organização para tomar vários remédios em horários diferentes. Problemas que podem ser minimizados com o uso da tecnologia.

Não tomar medicamento corretamente traz consequências para a saúde. Deixar de tratar pode causar danos e levar a complicações que pioram a qualidade de vida. Mesmo quando está se sentindo bem após tomar remédio por alguns dias, o tratamento precisa ser continuado pelo tempo determinado, a não ser que o médico diga que pode interrompê-lo. Antibiótico, por exemplo, é imprescindível manter os horários prescritos, caso contrário há risco das bactérias resistirem e se desenvolverem até mais fortes. Não se deve fazer automedicação e isto significa também não tomar ou dividir remédios com outras pessoas.

O diagnóstico é feito pelo médico e é ele quem diz qual medicamento deve ser ingerido durante a refeição ou não. Há remédios que não devem ser misturados a alimentos porque podem comprometer a absorção pelo organismo. Da mesma forma, é preciso comunicar ao médico os remédios que já faz uso, mesmo que sejam vitaminas ou fitoterápicos, para ele analisar a melhor maneira de ingestão com outros medicamentos que sejam necessários. O médico costuma avisar dos efeitos colaterais, mas em caso de dúvida ou incomodo, converse novamente com o médico.

Em enfermagem, costuma-se usar a regra dos cinco certos para administrar medicamentos. O enfermeiro precisa conferir se o medicamento está certo, se o paciente é o certo, se a dose está precisa, se está na hora certa e se a via é a correta. Portanto, mantenha o papel com as anotações das medicações, doses e horários. Conte com a ajuda da tecnologia, programando um dispositivo, de preferência móvel. Existe uma série de aparelhos portáteis, celular, palmtop etc., que ajudam pacientes a aderir ao tratamento. Conte com eles para gerenciar melhor o uso de medicamentos.

Outras novidades que acho interessantes para os pacientes com perda de memória são os jogos eletrônicos, que podem ajudar a estimular a memória, divertir a cabeça e exercitar a massa cinzenta. Mas lembre-se de não ficar sedentário. Alterne com atividade física, que também pode ser feita em consoles, com jogos que incentivam o movimento do corpo, como o Wii e o Play Station 3. Para exercitar o cérebro, também é simples fazer atividades físicas neuróbicas, como trocar o relógio de braço ou comer e escrever com a mão que não costuma usar.

Sempre tive dúvida em relação à pastilheira, recipiente que se propõe a organizar as doses de remédios. Já vi muita gente tomar o comprimido errado ou a caixa se abrir e misturar tudo, sem que a pessoa consiga saber qual comprimido é de que remédio. O melhor é sempre manter os remédios nas embalagens originais. Nelas você tem o nome do medicamento, a bula e o mais importante, a data da validade. Remédios vencidos não devem ser ingeridos. No mundo moderno, não parece que pastilheira e despertador são coisas do passado? Vamos aproveitar a tecnologia e cuidar da saúde. Vida longa a todos!

Fabio Ferraz do Amaral Ravaglia - Cirurgião ortopedista e traumatologista, é presidente, desde 2005, do Instituto Ortopedia & Saúde (IOS) – organização não governamental que tem a missão de difundir informações sobre saúde e prevenção a doenças, principalmente aquelas associadas à terceira idade, e que organiza o Projeto Cidadania – Caminhadas com Segurança, evento mensal que incentiva a atividade física e conta com uma feira de saúde aberta à população para a realização de exames gratuitos.   www.ortopediaesaude.org.br    

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