quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Feliz consigo mesma




O que falar hoje em dia sobre as curvas de Marilyn Monroe? Adorada pela mídia e admirada pelo público – tanto feminino como masculino –, ela poderia configurar como uma mulher “cheinha” se formos comparar com as medidas das modelos de hoje. Mas, até aparecer a modelo britânica Twiggy, em meados dos anos 1960, os ícones de beleza e sensualidade tinham formas bem mais avantajadas que as exigidas pelos padrões atuais.
 
Aos poucos, os modelos de beleza foram mudando e mulheres cada vez mais magras tornaram-se as grandes musas das passarelas. Foi aí que começaram a vir à tona os problemas de distúrbios alimentares. Para atingir esse ideal, muitas meninas pararam de comer, transformando-se em bulímicas – aquelas que comem e depois vão ao banheiro vomitar – e anoréxicas – que simplesmente param de comer, pois se veem acima do peso constantemente.

 

Um problema

 
A polêmica em torno dos problemas gerados por esses padrões teve início em 2006, quando a Semana da Moda de Madri decidiu vetar modelos muito magras, estipulando Índice de Massa Corporal (IMC) mínimo de 18 kg/m². As garotas chegaram a apresentar IMC que são normais em crianças. Utilizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para cálculo de peso ideal, o índice é resultado da divisão do peso pela altura ao quadrado. Seu valor recomendável fica entre 18,5 kg/m² e 25,5 kg/m².
 
Ellen Simone Paiva, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), julga adequado esse cálculo como uma primeira avaliação das modelos. “Padrões de beleza mais acessíveis ajudariam, sim, a minimizar a ocorrência de distúrbios alimentares no mundo moderno.”
 
Intrigada com o fato de haver relatos de quadros de anorexia desde a Idade Média, Ana Paula Saccol, pesquisadora especializada em Sociologia da Saúde pela Universidade Federal de Santa Catarina, resolveu trabalhar com profissionais da saúde e avaliar o peso de fatores sociais no desencadeamento desses distúrbios. Até porque ela mesma já sofreu de bulimia no passado.
 
“Algumas mulheres vivem em função da estética, lipoaspiração, dietas. Essa pressão é um dos fatores que desencadeiam o surgimento de distúrbios alimentares”, afirma. Segundo ela, em outras épocas os motivos religiosos estavam na origem do problema, gerando as suas santas pálidas e esquálidas. Apesar de o modelo de beleza ser mesmo o mais cheinho.

 

Feliz consigo mesma

 
Campanhas publicitárias, como as de Dove, e as revistas femininas deram os primeiros passos no Brasil para valorizar o público feminino em geral. Elas aderiram à onda da “real beleza” e passaram a mostrar mulheres do dia a dia, com suas imperfeições e singularidades. Essas campanhas mostram que elas devem sentir-se bonitas e cuidar-se, sabendo explorar as vantagens e – por que não? – também as desvantagens de seu corpo.
 
Por isso, desde o ano passado, modelos de tamanho king size (ou GG), aos poucos, começaram a ganhar espaço nas publicações mais famosas do mundo da moda, como Glamour e V Magazine. Em um ensaio fotográfico assinado por Terry Richardson, na V Magazine, a modelo tamanho grande Crystal Renn aparece ao lado da magérrima Jacquelyn Jablonski, com mesmo figurino e poses similares. Elas dividem a cena e mostram que, finalmente, há espaço para todas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário